Anvisa vê risco liberar remédios de alto custo

Uma eventual liberação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do uso no País de medicamentos de alto custo sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) colocaria em risco a saúde pública e a indústria nacional, afirmou o presidente da agência, Jarbas Barbosa.

"Se aprovada a permissão, vamos voltar a situação semelhante a que existia no passado, quando não havia segurança se o que se vendia na farmácia era remédio ou pílula de farinha", completou, numa referência ao escândalo que marcou o País em 1998. Na época, veio à tona o caso de pílulas de farinha vendidas como anticoncepcionais. Dezenas de mulheres afirmaram ter engravidado em virtude do uso do produto.

"Quem vai fazer a fiscalização? Como garantir que o remédio tem qualidade, é eficaz?", questionou. O julgamento está previsto para esta quarta-feira, 28, no Supremo Tribunal Federal. Os ministros vão avaliar se o governo deve fornecer medicamentos de alto custo que não estejam na lista de distribuição gratuita formulada pelo governo. Será analisada ainda a possibilidade de se liberar remédios sem o registro da Anvisa. São dois pedidos distintos.

Para Barbosa, o que afeta o registro de medicamentos tem um potencial avassalador. A justificativa do pedido é de que a agência é lenta para avaliar os processos de liberação de registro de medicamentos no Brasil. Enquanto toda a análise não é realizada, argumentam defensores da liberação, o acesso a medicamentos - em muitos casos, a única esperança para pacientes em estado grave -, acaba sendo limitado.

O fim da obrigação de registro na Anvisa para medicamentos de alto custo, avalia Barbosa, provocaria uma avalanche de ações judiciais da indústria brasileira, pedindo isonomia. "Com isso, qualquer regra de fiscalização cairia por terra. A Anvisa perderia razão de ser. Mas mais importante que isso, a saúde pública estaria em risco."

O diretor da Anvisa admite que o processo de análise de registro de remédios pode e deve ser acelerado no País. "As queixas devem ser ouvidas. Não tiro o mérito", diz. Mas ele acrescenta que isso não pode ser feito de forma a colocar toda a saúde pública em risco.

De acordo com ele, a importação de medicamentos sem registro no Brasil em casos isolados é permitida pela Anvisa. Somente este ano, informou, 400 pedidos foram liberados. Nesse caso, no entanto, quem arca com os custos da operação é o paciente. "A importação pode ser feita. O que não é permitido é a comercialização desses medicamentos." Para esse processo, é exigido o pedido do médico, a justificativa da necessidade da importação. "É preciso mostrar que não há alternativas, que a droga que será trazida tem resultados promissores."

Atualmente, estão na fila aguardando registro 9 medicamentos novos, 15 biológicos. A lista de genéricos é mais extensa: 1.027. "Isso porque o mercado de genéricos é mais aquecido", disse Barbosa. Embora reconheça que o sistema precisa melhorar, Barbosa afirma que o processo de registro de remédios tornou-se mais ágil nos últimos anos. "Não se trata de uma análise automática. Ele requer a análise de dossiês muitas vezes com 1.500, 2 mil páginas com informações sobre evidências científicas da eficácia do remédio, a garantia de que ele é produzido com qualidade, numa fábrica segura", completa. Ele lembra que, todo cuidado não é à toa. E cita como exemplo o anti-inflamatório Vioxx. "O produto era considerado moderno, depois se descobriu que ele trazia riscos à saúde e precisou ser retirado do mercado."

Associações de pacientes alegam que bastaria que o remédio tivesse aval de outras agências reguladoras, como a dos Estados Unidos, o FDA. "Tornar automática a aprovação é perder autonomia. Nenhum país desenvolvido faz uma concessão como essa", disse Barbosa.

A análise de medicamentos considerados prioritários, como os que não têm tratamento disponível, é atualmente de 33 dias. O de drogas mais antigas, como genéricos, de 148 dias. "Precisamos de regras mais rápidas, mas também de mais pessoas para fazer a análise", disse. O departamento da Anvisa para análise de genéricos, por exemplo tem 30 pessoas para atender uma média de mil pedidos de registro. "No FDA, são 300 pessoas para analisar 3 mil processos." As informações são da Agência Estado.

Dia D da campanha de multivacinação

O Dia D da campanha para a atualização de caderneta de vacinação será neste próximo sábado (24), de acordo com comunicado da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. A campanha visa colocar em dia a vacinação de crianças paulistas com até cinco anos incompletos, crianças com nove anos de idade e adolescente de 10 a 15 anos.

De acordo com a secretaria, o objetivo é conferir a caderneta e aplicar, gratuitamente, as doses em atraso, conforme a faixa etária e a situação vacinal de cada um. As cidades do estado receberão 5,9 milhões de doses, contabilizando os quantitativos destinados à multivacinação e à imunização de rotina prevista para o mês de setembro.

A campanha vai mobilizar 34 mil profissionais da saúde em 5.325 postos de saúde fixos e volantes em todo o Estado de São Paulo, das 8h às 17h. No interior e litoral são 2.854 postos fixos e 1.388 volantes. Além disso, mediante parceria com os municípios, haverá disponibilidade de veículos.

A multivacinação contempla 13 tipos de vacinas, que protegem contra 18 doenças: BCG, que protege contra a tuberculose; rotavírus, contra um dos principais agentes causadores de diarreia; poliomielite, contra a paralisia infantil; pentavalente, contra a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenza tipo b (Hib); pneumocócica conjugada 10-valente; meningocócica conjugada C; trivalente, contra sarampo, caxumba e rubéola; além das vacinas contra febre amarela, gripe, varicela, hepatite A e a vacina contra o HPV, que previne o câncer de colo de útero e verrugas genitais.

Os pais ou responsáveis devem levar a caderneta de vacinação das crianças e jovens para conferência das doses em atraso. Caso o documento perdido ou extraviado, é recomendado procurar o mesmo posto no qual a criança foi vacinada anteriormente, para acesso ao arquivo.

Multivacinação começa dia 19

Começa na próxima segunda-feira, 19, e vai até o dia 30 a campanha nacional de multivacinação. Trinta e seis mil postos irão oferecer vacinas a crianças de até cinco anos, crianças de nove anos e adolescentes entre 10 e 15 anos.

A atualização de hepatite C, no entanto, corre o risco de não ser feita neste momento. Há problemas nos estoques da vacina, que, pelos cálculos do ministério, serão solucionados somente quando a campanha estiver na sua fase final. A maior preocupação com hepatite C é com jovens, pois a cobertura vacinal de crianças, de acordo com a pasta, é alta.

A recomendação é de que, no caso de não haver vacina, funcionários entrem em contato com jovens para que retornem aos postos, assim que o imunizante chegar.

A diretora substituta do Programa Nacional de Imunização, Ana Gorete, afirmou que, no caso das outras doenças, há doses suficientes para realizar a campanha. "O desabastecimento enfrentado nos últimos dois anos foi solucionado", disse. Foram adquiridas 19 mil doses extras para fazer a campanha.

Neste ano, o esquema de aplicação de quatro imunizantes foi alterado: poliomielite, HPV, meningocócica C e pneumocócica 10 valente. O da pólio passou a ser feito por meio de três doses da vacina injetável (aos 2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de vacina oral, a da gotinha.

Até ano passado, o esquema era feito com duas doses injetáveis e três orais. A mudança atende a uma recomendação da Organização Mundial da Saúde.

No caso da HPV, o esquema vacinal passou este ano de três para duas doses, com intervalo de seis meses entre elas. O esquema anterior, no entanto, continua valendo para mulheres com HIV em idade entre 9 e 26 anos.

No caso da vacina meningocócia, a mudança ocorreu no reforço. Antes, era feito aos 15 meses. A partir de agora, pode ser feito aos 12 meses. Há possibilidade, no entanto, de o reforço ser feito até quatro anos. No caso da pneumocócia, houve também uma mudança: agora são dois em vez de três reforços.

Proteção

De acordo com o Ministério da Saúde, estudos demonstram que a proteção está garantida, mesmo com menos aplicações da vacina. Essa mudança na estratégia ocorre num momento em que há maior dificuldade de acesso a vacinas e, ao mesmo tempo, uma redução da cobertura vacinal. Durante a apresentação, Ana alertou para a necessidade de que as metas sejam atingidas localmente.

"Vacinação é todo dia. Este é um esforço para regularizar as cadernetas", afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, ao apresentar as peças da campanha, que começam a ser veiculadas a partir desta terça-feira, 13. As informações são da Agência Estado.

Atendimento antirrábico aumenta no País

Embora rara, a raiva humana ainda é motivo de preocupação para milhares de brasileiros atacados por animais domésticos ou selvagens todos os anos. O número de pessoas que procuraram serviços de saúde em busca de atendimento antirrábico cresceu 18% em cinco anos, passando de 590 mil em 2009 para 696 mil em 2013, segundo dados do Ministério da Saúde.

Boletim epidemiológico divulgado neste mês pela pasta mostra que, nos cinco anos analisados, cerca de 3 milhões de pessoas no País - uma por minuto - foram atacadas por cães, gatos e outros animais, e precisaram de algum tipo de atendimento que diminuísse o risco de contaminação pela raiva.

Vários procedimentos podem ser adotados quando uma pessoa é exposta a uma mordida, arranhão ou outro tipo de contato. Em 50,4% dos casos, foi administrada a vacina antirrábica e feita a observação do animal por dez dias para a verificação de aparecimento de sintomas da doença.

Em 21,7% dos atendimentos, a opção foi apenas pela observação do animal, o que ocorre quando o bicho é conhecido e tem todas as vacinas em dia. Em 15,4%, foi administrada só a vacina, uma vez que nem sempre o animal pode ser observado - principalmente em casos de animais silvestres ou desconhecidos. Em 8%, além da vacina, foi usado soro, que já confere imunidade instantânea para o vírus e costuma ser usada em casos de ferimentos mais graves provocados por animais silvestres.

A região Sudeste teve o maior número de notificações do tipo, com 1,1 milhão de atendimentos, seguida pelo Nordeste, com 807 mil casos.

As crianças foram as que mais buscaram atendimento antirrábico. Do total de pessoas que procuraram o serviço de saúde, um terço era menor de 14 anos.

Em dezembro, o pequeno Gustavo, com 2 anos e 4 meses, foi vítima de uma mordida inesperada de um labrador de amigos da família. "Estávamos brincando com o cachorro, fazendo carinho. Ele deitou e, do nada, avançou e mordeu meu filho. Disseram que ele nunca tinha mordido ninguém", conta a fotógrafa Gabriela Trevisan, de 33 anos, mãe de Gustavo.

Muito machucado no rosto, o menino foi levado ao hospital, mas como o cão era conhecido e tinha todas as vacinas, os médicos optaram por não dar a vacina antirrábica e só observar o animal. "Deram vacina antitétano, fizeram curativos e ele saiu com prescrição de um antibiótico para evitar infecções", conta Gabriela.

Presidente do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro, Tânia Cristina Petraglia ressalta que, mesmo quando o animal tem as vacinas em dia, a melhor opção é imunizar quem foi mordido, principalmente quando o ferimento for no rosto ou nas extremidades. "São áreas que o vírus consegue penetrar com mais facilidade. E a vacina no animal não dá 100% garantia de que ele não vá desenvolver a doença", recomenda. As informações são da Agência Estado.

Procura de remédio na rede pública cresce 30%

Com a crise econômica e a diminuição de clientes dos planos de saúde, o número de paulistanos que retiram remédios na rede pública da capital cresceu 30% neste ano, passando de 4,1 milhões nos oito primeiros meses de 2015 para 5,4 milhões no mesmo período deste ano, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde obtidos com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A alta demanda agravou o quadro de falta de medicamentos básicos em algumas unidades e obrigou a secretaria a rever o planejamento de compras de cada uma das mais de 500 farmácias municipais. O problema é alvo de inquérito do Ministério Público Estadual.

De acordo com a pasta, o aumento da procura por medicamentos gratuitos se deve a duas principais razões: o crescimento do número de pessoas atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), onde ficam a maior parte das farmácias, e a migração de pacientes da rede privada para a pública. Somente na cidade de São Paulo, 330 mil pessoas deixaram de ter plano de saúde entre 2014 e 2016, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

"Embora esses medicamentos básicos não sejam ofertados pelos planos, muita gente que começou a se consultar no SUS ficou sabendo quais remédios estão disponíveis de graça e passaram a usar esse serviço. Tem aqueles pacientes também que continuam na rede privada, mas que, para poupar um pouco de dinheiro nesse momento de crise, passaram a retirar os remédios nas farmácias dos postos. Tivemos um aumento de receitas vindas da rede privada", afirma o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha.

Segundo o secretário, 32% das prescrições recebidas nas farmácias da Prefeitura neste ano vieram de médicos particulares ou de unidades de outros municípios. No ano passado, esse porcentual era de 26%.

Mudança

Foi no último mês de junho, quando cancelou o plano de saúde, que a técnica de enfermagem Patrícia de Oliveira, de 37 anos, passou a buscar atendimento e medicamentos na rede pública. "Eu tinha um convênio que custava R$ 437, mas fui avisada que subiria para R$ 690. Não dava mais para pagar", conta. No mês seguinte, ela passou mal e precisou ir a um médico da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) próxima de sua casa, na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte. "O médico me passou buscopan e dipirona e já peguei no posto mesmo para economizar. Tive a sorte de encontrar, porque minha mãe sempre retira os medicamentos na farmácia do posto e tem alguns que vivem faltando", conta ela.

Na última quinta-feira, 25, Patrícia levou a mãe, a aposentada Antonia Costa de Oliveira, de 65 anos, à AMA por causa de uma crise de bronquite. "Dessa vez não tivemos tanta sorte porque um dos remédios, o prednisona, está em falta. Vamos ter que comprar agora, mas está uns R$ 30, não é tão barato", reclama Patrícia.

Para Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o aumento da demanda por remédios pode também estar relacionado ao crescimento da oferta de consultas. "Houve uma expansão da atenção básica nos últimos anos. Se as consultas aumentam, a retirada de medicamentos também", diz.

Dos cinco remédios mais retirados, quatro são indicados para o tratamento de doenças crônicas, como hipertensão e diabete. As zonas leste e sul, as mais populosas da capital, são as responsáveis pela maior demanda de remédios. Do total de pacientes atendidos nas farmácias municipais neste ano, 25,6% eram moradores da região leste e 24,4%, da sul.

A secretaria lançou em 2015 o aplicativo Aqui Tem Remédio, que indica os medicamentos disponíveis em cada unidade. O app já é o mais usado da Prefeitura, com 300 mil acessos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

3 milhões de jovens estão acima do peso

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feita em 2015 com alunos de 13 a 17 anos, do 5º ano fundamental até o 3º ano do ensino médio, revela que 7,8% dos jovens eram obesos. O problema atinge 1 milhão de adolescentes. Entre os alunos do sexo masculino, 8,3% eram obesos e do sexo feminino, 7,3%. Tinham excesso de peso 23,7% dos entrevistados (incluindo os obesos) - ou 3,1 milhões de jovens.

O maior índice de obesidade foi registrado na Região Sul, onde 10,2% dos jovens estão nessa categoria. No Sul, 28,2% dos jovens apresentaram excesso de peso.

Estavam abaixo do peso, o que indica desnutrição, 3,1% dos jovens, ou 409 mil estudantes. As maiores proporções de alunos com baixo peso foram registradas no Norte e Nordeste, com 3,7%.

A pesquisa foi feita com 16.608 alunos de 13 a 17 anos em todo País, de um total de 13,2 milhões de estudantes nessa faixa etária. Além de responderem a uma série de perguntas, os alunos foram medidos e pesados pelos técnicos do IBGE. Os questionários foram aplicados entre abril e setembro de 2015, mesmo período do levantamento feito apenas com alunos do 9º ano, para a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense). A pesquisa com alunos de 13 a 17 anos não permite comparação com anos anteriores.

O levantamento feito com alunos do 9º ano do ensino fundamental revela que a maior parte dos jovens diz estar contente com o próprio corpo, mas aponta que as meninas têm mais preocupação e insatisfação com a aparência. Uma em cada cinco alunas (21,8%) disseram se achar gordas ou muito gordas. Os maiores porcentuais estão na Região Sul. No Rio Grande do Sul, 29% das meninas disseram se acharem gordas ou muito gordas. No Paraná, foram 26,7%. Em Santa Catarina, 26,3% e em São Paulo, 25,3%.

"A inadequação entre o ideal de um corpo magro, amplamente aceito na sociedade, e a forma pela qual o próximo corpo é percebido pelos adolescentes leva-os à realização de atitudes extremas e prejudiciais à saúde para perder o manter o peso", diz o estudo. A indução de vômito ou o uso de laxantes foi recurso usado por 7% dos jovens (184,1 mil alunos), nos 30 dias anteriores à pesquisa, na tentativa de emagrecer.

A incidência de excesso e falta de peso é medida pelo Índice de Massa Corporal (IMC), obtido pela divisão do peso em quilos pela altura, em metro, ao quadrado. O resultado inferior a 18,5 aponta peso insuficiente. Entre 18,5 e 24,9 indica peso saudável. Entre 25 e 29,9 aponta excesso de peso. É considerada obesa a pessoa com IMC de 30 ou mais. No caso de crianças e adolescentes, o índice que indica normalidade ou não do peso é o escore-z do IMC e leva em conta a posição do IMC entre crianças da mesma idade e do mesmo sexo.

Alimentação

Os jovens que estão no 9º ano do ensino fundamental comem mais guloseimas (doces, balas, chocolates, chicletes, bombons e pirulitos) que legumes e ingerem quase tanto alimentos ultraprocessados (hambúrguer, presunto, linguiça, salgadinho de pacote, biscoitos salgados, entre outros) quanto frutas. A boa notícia é que o feijão é o alimento mais consumido: 60,7% dos entrevistados comem feijão pelo menos cinco dias na semana. Legumes são consumidos por 37,7%, na mesma frequência, e frutas, por 32,7%. Já as guloseimas atraem 41,6% de jovens. Os ultraprocessados são ingeridos com frequência por 31,3%.

Outro mau hábito alimentar é frequente entre os entrevistados: quase seis em cada dez (57,9%) comem enquanto assistem à televisão ou estudam.

Escolas

Um dos principais caminhos para a vida saudável, a prática de esportes é disseminada nas escolas da maior parte dos alunos do último ano do ensino fundamental, embora as condições não sejam ideais. Sete em cada dez alunos (72,8%) frequentam escolas com quadras esportivas e 92% têm acesso a materiais esportivos em condições de uso.

A diferença entre a rede pública e privada, nestes casos, é evidente. Estudam em escolas com quadra esportiva 69,2% dos alunos da rede pública e 94,1% da rede privada. A diferença é ainda mais profunda na comparação entre os que estudam em escolas com vestiários: apenas 22,2% da rede pública e 67,5% da rede privada.

No quesito higiene, a desigualdade também é grave: apenas 55% dos alunos do 9º ano, na rede pública, estudam em escolas que têm lavatórios com pia, água e sabão. Entre os estudantes das escolas particulares, a proporção sobe para 96,8%. "A ausência de condições para limpeza correta das mãos pode ser responsável pela disseminação de diversas doenças que comprometem a frequência à escola e o aprendizado das crianças, como verminoses, diarreia e doenças respiratórias", alerta o estudo do IBGE. As informações são da Agência Estado.

Pílula do câncer tem efeito reduzido

Um estudo encomendado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) mostra que a fosfoetanolamina, mais conhecida como pílula do câncer, em doses altas foi capaz de reduzir o tamanho de melanomas em camundongos. O desempenho obtido pelo composto, no entanto, foi inferior ao apresentado pelo quimioterápico ciclosfosfamida, existente no mercado.

Conduzido pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (NPDM/UFC), de Fortaleza, o trabalho observou a evolução do melanoma, um tipo agressivo de câncer, em 50 camundongos. Cinco tratamentos distintos foram dispensados para cada grupo de dez animais. O primeiro deles recebeu durante 16 dias doses de fosfoetanolamina equivalentes às de 200 miligramas por quilo.

Outro grupo recebeu uma dosagem equivalente a 500 miligramas por quilo e o terceiro grupo, com doses altas, de 1 mil miligramas por quilo. Ao fim do período, somente o terceiro grupo apresentou uma redução da massa tumoral. Ela foi equivalente a 64%. O desempenho, no entanto, foi inferior ao apresentado pelo grupo de animais submetido a um tratamento com quimioterápico. Para esse grupo, a redução foi de 93%.

Este é o oitavo estudo sobre o composto encomendado pela pasta com resultados considerados pouco animadores. Não haveria por que apostar na nova substância se outra existente é mais eficiente. Há dois meses, integrantes do governo que acompanham o resultado dos trabalhos chegaram a sugerir a interrupção das pesquisas, em virtude dos resultados negativos obtidos. Questionado nesta quarta, o MCTIC informou que as pesquisas devem continuar.

De acordo com a pasta, estão em curso pesquisas pré-clínicas e a previsão é de que ainda neste semestre tenha início um estudo com voluntários saudáveis. O objetivo é avaliar a segurança da fosfoetanolamina e o comportamento da droga no organismo humano.

Colaboração

Os projetos para avaliar a ação da fosfoetanolamina foram anunciados no ano passado, numa iniciativa em colaboração com o Ministério da Saúde. A previsão era de que fossem investidos R$ 10 milhões na iniciativa.

Além do relatório sobre a ação da fosfoetanolamina em camundongos, o MCTIC divulgou resultados de estudos sobre a fosfoetanolamina feitos pelo Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), de Florianópolis. A pesquisa, no entanto, não tratava da eficácia da substância.

A fosfoetanolamina era distribuída gratuitamente por uma laboratório do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP). Há dois anos, o remédio parou de ser entregue, depois de uma determinação da própria universidade para que produtos experimentais não fossem distribuídos à população.

Diante da interrupção, um grupo de 26 deputados apresentou um projeto para liberar o uso do produto, mesmo sem uma avaliação sobre sua eficácia e segurança. A tramitação foi relâmpago. Ele foi aprovado na Câmara em 8 de março e, duas semanas depois, já havia passado no Senado. O projeto define a fosfoetanolamina como produto de relevância pública e autoriza a produção, importação, prescrição, posse ou uso da substância, independentemente de registro sanitário.

O texto prevê tal prerrogativa até que estudos sobre a substância sejam concluídos. Mesmo com parecer negativo do Ministério da Saúde, a presidente afastada, Dilma Rousseff, à época apreensiva com os rumos do pedido de abertura de processo de impeachment, decidiu sancionar a lei, liberando a substância. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

SJC: ADL identifica apenas seis larvas de dengue

A última ADL (Avaliação de Densidade Larvária) feita em São José dos Campos identificou apenas seis larvas do mosquito Aedes aegypti, em mais de 14 mil recipientes - que serviriam como criadouros do mosquito - analisados. O trabalho foi realizado pelos técnicos do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), que visitaram 16.870 imóveis, no período de 11 a 29 de julho.

Durante as visitas, foram encontrados 14.945 recipientes que serviriam como criadouros do mosquito. Deste total, 4.266 (28%) estavam com água, mesmo no tempo seco, porém, somente 11 recipientes (0,25%) continham larvas e, desses, apenas 6 (54%) tinham de Aedes aegypti.

O resultado representa a mais baixa infestação do Aedes aegypti, transmissor da Dengue, Zika Vírus e Chikungunya, desde agosto de 2010. De acordo com a Secretaria da Saúde, o estudo mostra que o Índice Breteau nas 16 regiões delimitadas pela pasta para o planejamento de ações de combate e controle da doença ficou em 0.

"Outro fator observado no levantamento é que de todos os recipientes encontrados, 52% deles são do tipo removível, portanto, com possibilidade de eliminação", informa a secretaria em nota. O índice Breteau corresponde ao número de imóveis nos quais foram encontradas larvas do Aedes aegypti durante a avaliação.

Segundo a pasta, os seis focos de Aedes aegypti encontrados ocorreram de forma dispersa, mostrando que, apesar do índice baixo, a presença do mosquito está em toda a cidade: um no Bairro dos Freitas (em vaso sanitário), um no Urbanova (pratinho de planta), um no Jardim Esplanada (Vaso de planta), um no Jardim Santa Madalena (ralo externo), um no Jardim das Indústrias (pneu) e um na Vista Verde (em tambor, utilizado para armazenamento de água).

"Os resultados mostram que os índices caíram o que deixa claro que, de fato, todas as ações conjuntas realizadas para o enfrentamento à proliferação do Aedes aegypti surtiram efeito, baixando a infestação do mosquito de 0,6, no mesmo período do ano passado, para 0 este ano", disse a gerente do CCZ, Margarete Correia.

"Os agentes continuam nas ruas, todos os dias, de casa em casa, porque o trabalho de prevenção e controle não tem descanso. E continuamos contando muito com o apoio da população", disse o secretário da Saúde, Paulo Roitberg.

Balanço
Até o momento, foram registrados 1.559 casos de dengue (1.454 autóctones e 105 importados) em São José dos Campos no ano. As informações são do Portal Meon.

 

Zika leva a deformidade nas juntas, diz estudo

Um novo estudo desenvolvido por cientistas brasileiros descreveu pela primeira vez com detalhes como a infecção por zika em mulheres grávidas faz com que os bebês desenvolvam artrogripose, síndrome que provoca graves deformidades nas articulações, especialmente em braços e pernas. A pesquisa, publicada na revista científica BMJ, analisou sete bebês que nasceram em Pernambuco com infecção por zika.

De acordo com a autora principal do estudo, Vanessa Van Der Linden, neuropediatra do Hospital Barão de Lucena, no Recife, a análise mostrou que a artrogripose dos bebês não está relacionada a anomalias específicas das articulações, mas tem origem neurogênica, isto é, ligada ao processo de formação dos neurônios.

"Dois estudos anteriores, feitos no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, já haviam identificado três pacientes com zika e artrogripose, levantado a possibilidade de que a má-formação também estivesse ligada à infecção pelo vírus. Mas até agora nenhum trabalho havia descrito as deformidades em detalhes nem investigado se ela tem origem neurogênica", disse Vanessa à reportagem.

Segundo a pesquisadora, a artrogripose pode estar relacionada a várias causas e é diagnosticada quando há deformidades em articulações em pelo menos duas partes diferentes do corpo. Para estabelecer a relação com a zika, os cientistas excluíram todas as outras possíveis causas da má-formação, usando exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética.

"Fizemos estudos detalhados dos cérebros e das articulações de sete crianças com artrogripose e diagnóstico de infecção congênita por zika. Nenhuma delas apresentava alguma das demais causas desse tipo de deformidade congênita", disse.

Microcefalia

Seis das sete crianças tinham microcefalia e todas apresentavam sinais de calcificação no cérebro, problema causado pelo acúmulo de cálcio nos tecidos cerebrais. Segundo Vanessa, a hipótese é de que o vírus da zika destrói células do cérebro, formando lesões semelhantes a "cicatrizes", onde o cálcio é depositado.

Ao observar as imagens de alta definição das articulações e dos tecidos próximos, os cientistas descobriram que não havia anomalias na parte óssea nem nos ligamentos. "Isso nos levou a concluir que a artrogripose tinha origem na parte neurológica. Por isso, fomos investigar", afirmou Vanessa.

A principal hipótese é de que a má-formação seja produzida por um processo que envolve os neurônios motores - as células cerebrais que controlam a contração e o relaxamento dos músculos -, levando a posturas fixas no útero que provocariam as deformidades. "Observamos também que quatro crianças apresentavam uma medula espinhal mais fina do que o normal e danos cerebrais, mostrando que realmente existe uma associação entre a artrogripose e as consequências neurológicas da infecção por zika", disse a pesquisadora.

Segundo Vanessa, o estudo ajudará a entender melhor os sintomas provocados pelo vírus zika, o que contribuirá para entender seus mecanismos de infecção. Os cientistas recomendam na pesquisa que a síndrome da zika congênita seja acrescentada ao diagnóstico diferencial de infecções congênitas e de artrogripose.

O fato de um dos bebês não ter microcefalia também é relevante, segundo Vanessa. "Isso nos levou a concluir que não há uma correlação necessária entre a gravidade da infecção por zika, uma vez que o caso de uma das crianças não era grave, com a artrogripose." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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